Semanas já haviam se passado desde a partida do comandante Marhaus. O filho mais novo do Barão recebeu como prometido uma brigada, que era formada por cerca de cinco mil soldados solâmnicos treinados para pôr a salvo a pequena cidade de Olmeiro. Os relgothianos já os chamavam de Brigada de Resgate, mas na verdade tratava-se da terceira brigada de Relgoth.
A cidadela de bronze tinha o corpo de seu exército formado apenas por uma divisão, pois não tinha número de milicianos suficientes para compor uma armada inteira. Assim, um terço de toda sua guarda da cidade foi enviada para confrontar os goblins reunidos na Floresta Enegrecida.
Ainda não se tinha notícia do quão frutífera tinha sido aquela campanha, mas todos já sabiam, pelo tempo estimado, que a hoste de Marhaus já deve ter chegado a aquela cidade. Não se esperava que fosse uma tarefa árdua, por isso os homens foram direto, sem paradas nas cidades pelo caminho. Todos tinham plena certeza que tudo iria correr bem.
Durante esse tempo a Cerimônia de Investidura de Sir Hector Launwaine foi meticulosamente preparada. Não era uma solenidade complexa, mas os rituais deviam ser seguidos à risca de acordo com o que estava escrito na Medida. Era a mais antiga tradição de Solamnia; inspirada no Comitatus, uma instituição dos povos que viviam nessas terras antes do próprio Vinnas Solamnus e que deu origem às relações de suserania e vassalagem dos cavaleiros.
- Senhores dos Cavalos, - iniciou Sir Baldwin – devemos agora, pela graça do santo Triunvirato, a Cerimônia de Investidura.
O Salão dos Escudos estava preparado e a Assembléia de Cavalaria estava totalmente reunida para a ocasião. Nenhum dos cavaleiros das quinze famílias que compunham o Circulo Interno de Relgoth tinham faltado.
- Sir Hector Launwaine, - disse o Barão – aproxime-se diante de meu trono! Mostre tua lealdade para comigo!
- Est Perunde oth Sudarus! – exclamou Sir Hector – Minha lealdade é meu valor!
Foram trazidos, pelos outros nobres; uma nova espada, uma armadura de batalha completa, um escudo e as esporas; que foram colocadas próximo ao filho do Barão que estava à frente do trono ajoelhado.
- Que seja do conhecimento de todos os senhores que eu, Sir Baldwin, estou pronto para recebe-lo como reconhecimento de seu valor!
- Est Sudarus oth Mikkas! – exclamou Sir Hector – Meu valor é minha verdade!
O jovem Launwaine se levantou e começou a vestir todo o seu equipamento com a ajuda dos outros cavaleiros. Quando ele terminou ficou ajoelhado novamente aos pés de seu pai, que se levantou.
- O senhor jura receber a mim, O Barão de Relgoth, como seu suserano em total e sincera verdade?
- Est Mikkas oth Reghnen! – exclamou Sir Hector – Minha verdade é minha palavra!
Ainda prostrado, o Cavaleiro da Coroa segurou sua espada, ainda embainhada, erguendo-a de forma a entrega-la ao Barão. O velho Launwaine caminhou solenemente até seu filho.
- Promete, como escrito na Medida, ser honesto em servir e nunca agir de forma dissimulada?
- Est Reghnen oth Sularus! – exclamou Sir Hector – Minha palavra é minha honra!
O Soberano da Cidadela segurou firme o cabo da espada de seu novo vassalo e a desembainhou com uma mensura. Levou a lâmina para seu ombro esquerdo e depois o direito e voltou a falar:
- Compromete-se a atender o seu chamado quando requisitado e defenderá seu senhor mesmo que isso lhe custe a vida?
- Est Sularus oth Mithas! – exclamou Sir Hector – Minha honra é minha vida!
- E eu, de minha parte, prometo defender e honrar teu juramento consagrando seus votos! Levante-se cavaleiro!
Todos no Salão dos Escudos, incluindo Sir Hector, se levantaram e bateram em seus escudos em congratulações. Os cavaleiros se cumprimentavam e repetiam as frases dos votos da cavalaria solâmnica.
“Est Perunde oth Sudarus!
Est Sudarus oth Mikkas!
Est Mikkas oth Reghnen!
Est Reghnen oth Sularus!
Est Sularus oth Mithas!”
Era como em um cântico que ecoava por todo o Salão, mas não era o único coro uníssono que podia ser ouvido em Relgoth naquele dia. Aquela não era a Cerimônia de Investidura que tornou Sir Hector um cavaleiro, mas era a que o tornava vassalo do Barão, vassalo de seu pai.
Embora as celas de Relgoth fossem limpas, uma cadeia era uma cadeia e como todas as prisões aquela também era desconfortável. As paredes úmidas tornavam os dias gélidos e doentes, o chão duro fazia doer o corpo e a comida era obviamente a pior da cidadela. Assim, mesmo passando apenas alguns dias, ficar preso ali era uma experiência deplorável.
- Abra os olhos, elfa! – disse Thorvalen – Um preso sempre é perigoso, mesmo que seja um mendigo velho!
- Cha! – exclamou Orvalho da Aurora – Ele pode estar doente! Que tipo de lugar é esse onde se prendem velhinhos?
- Bah! Só digo uma palavra... Humanos!
Ambos, o Neidar e a Kagonesti, estavam presos há alguns dias pela briga na taberna, mas estavam mais preocupados com um mendigo velho que apareceu preso durante a noite passada. Ele parecia um idoso tão frágil e inocente que até o anão teve piedade dele. Será que estava bem?
- Hum! – O velho sussurrou ainda dormindo – Sei que minha irmã é bonitinha, mas me dá um trabalho! Acho que toda caçula é assim...
- Velho acorde! – a druidisa falou – Está sonhando!
- Hã? Eu? Que? Onde?
O velho acordou assustado e caiu de sua cama de palha se estatelando no chão fazendo um escândalo enorme. Os dois companheiros o ajudaram a se levantar e notaram que seu odor não era tão ruim assim como parecia. Na verdade o cheiro do mendigo os lembrou da infância, quando ainda eram apenas crianças inocentes.
- Ah puxa! – o homem disse se espreguiçando – Acho que dormi muito dessa vez! Obrigado por me ter trazido pra casa de vocês, embora seja...
- Senhor – iniciou o proscrito – Não estamos em casa, estamos em uma cadeia!
- O quê? Isso é um absurdo!
- Achamos que o senhor nos diria o porquê foi preso.
- Nunca fui tão insultado na minha vida e olha que ela é longa!
Indignado, o idoso foi até as grades e gritou para os guardas, bateu nas barras de ferro e esperneou o máximo que pode, mas ninguém apareceu.
- Vou por essa cadeiazinha miserável no chão!
- Calma! – a elfa selvagem tentou tranqüiliza-lo – Logo eles nos soltam! – ela o puxou para se sentar – Qual é seu nome?
- Meu nome? Eu... Não lembro!
- Como assim, não lembra?
- Sei lá! Acho que é Fazban, ou talvez Fezban... Sei que tem algo de fabuloso nele!
- O velho é louco! – disse o mercenário na língua dos elfos para que apenas a Orvalho entendesse – Está com a doença do dobrador!
- Eu entendi isso seu anão obtuso!
- Bah, eu... Fala élfico?
- Falo sua linguagem gutural também!
- Balela! Ninguém fala meu idioma se não for da minha raça!
- Kai throntar gon-raxanum!
Foi então que Thorvalen levou um susto tão grande que seu rosto ficou inteiramente branco como se seu sangue estivesse fugido rapidamente. Ele olhou para o velho sem entender como ele podia saber sua secreta língua e aquilo foi tão irreal que sua mente se recusou a acreditar. Assim a experimentado guerreiro amoleceu suas pernas e desmaiou.
A primeiro pensamento que veio em sua mente foi: “Como o mármore é frio!”. Claro que nada se comparava a sua majestosa beleza, mas andar descalça sobre o chão de pedra calcária engenhosamente trabalhada sempre gelava os pés. No entanto, ela nada podia fazer, pois era assim que mandava o ritual de iniciação dos clérigos de Paladine.
Diana era uma moça alta e formosa, na casa dos vinte anos. Seus cabelos eram cacheados e caídos até o meio das costas. Tinha grandes olhos eram castanhos claros que contrastavam com sua pele negra como a madeira da Senhora-dos-Prados. Ela possuía lábios carnudos que lhe dava uma aparência de seriedade.
Aquela mulher era o que os membros da Ordem das Estrelas chamavam de Suplicante. Uma jovem sacerdotisa do Cavaleiro Valente que ainda não tinha sido consagrada pelos clérigos dos Deuses da Luz, mas já possuía dons sagrados que podiam realizar pequenos milagres.
A Ordem estava sendo restaurada desde o final da Guerra da Lança, pois antes disso, acreditava-se que os Deuses tinham abandonado o mundo depois do Cataclismo. Agora cada vez mais fiéis surgiam e um grande número de clérigos eram investidos nas novas igrejas dos verdadeiros Deuses.
Muitos templos foram construídos nos últimos anos e a Catedral do Pai de Platina era um deles. Feita quase que totalmente de mármore, a igreja ficava na diocese de Relgoth no distrito norte da cidadela e teve a presença do próprio Sumo Pontífice Elistan em sua inauguração, uma cerimônia chamada de Icolo.
Agora Diana, entre outras aspirantes, andavam pela nave do santuário e, vestidas apenas com um roupão, se dirigiam ao exuberante jardim que ficava no interior da catedral. Chamado de Bosque do Cervo Branco o local era na verdade um termas arborizado com uma grande piscina em seu centro.
O ritual de iniciação, chamado de Fascledon, era uma cerimônia de investidura que marcava a passagem do grau de Suplicante para se sagrar verdadeiramente um clérigo. Os sacerdotes do Cavaleiro Valente chamavam essa nova posição da hierarquia canônica de Reverendo Filho de Paladine.
Assim a jovem solenemente retirou suas vestes e entrou na água se dirigindo a sua superiora chamada Ladwys. Uma Bispa da nobre família dos Guardacaminho, que fundou a Catedral da Lâmina Celeste e esposa do Cavaleiro da Espada Sir Borns Brochvael. Assim, Lady Ladwys era uma mulher que já tinha enfrentado mais de sessenta invernos, com os cabelos já brancos que lhe davam uma postura majestosa.
A Bispa estendeu as mãos para Diana e a olhou com uma ternura que apenas uma mãe teria. A jovem não era sua filha, mas fora abandonada ainda pequena nas ruas de Relgoth e quase viraria uma bandoleira se não fosse pelo encontro que as duas tiveram há doze anos atrás. Ambas como sacerdotisas não consideravam aquilo uma coincidência, mas claro uma evidente prova de que os Deuses verdadeiros nunca as tinham abandonado.
A órfã tinha sido criada praticamente sozinha até então e por isso possuía uma personalidade auto-suficiente que encantou Lady Ladwys. Sob seus cuidados Diana se tornou uma linda jovem calma, prudente e solidária. Tinha a sabedoria que o cargo de Reverenda exigia e isso a enchia de orgulho.
A noviça foi mergulhada na água pela Bispa que fazia uma oração abençoando sua filha adotiva. Diana também pediu, em uma prece silenciosa, que Cavaleiro Valente a guiasse para enfrentar os perigos que o sacerdócio poderia trazer, mas principalmente que tivesse a sabedoria para ser uma serva útil para levar sua luz a escuridão do mundo.
A recém investida Reverenda Filha de Paladine saiu na água e se enxugou na toalha trazida pelas diaconisas, que também trouxeram suas novas vestes. Era uma batina branca com detalhes em dourado e seria sua roupa até o fim de sua vida. No entanto, o mais importante era o Medalhão da Fé. Feito de platina, esse colar possuía o triangulo; símbolo sagrado de seu Deus e necessário para invocar os milagres que futuramente realizaria.
Thorvalen abriu os olhos e demorou a recobrar a consciência. Pode ouvir os murmúrios de Orvalho da Aurora rezando por ele e sua visão foi se focando lentamente. Lembrou que ainda estava preso e lembrou do Velho que o estava encarando e então resolveu falar:
- Não sei como aprendeu minha língua seu louco, mas...
- Se me chamar de louco de novo eu faço sua barba cair! – disse o mendigo – Seu proscrito!
- Cha! Que os espíritos nos protejam! – exclamou a elfa selvagem – Calma para vocês dois ou eu que vou fazer a barba horrível de ambos!
O idoso e o neidar olharam para ela refletindo no absurdo que era a sua afirmação. Todos os anões se orgulhavam de sua barba e de fato nunca as cortavam, pois assim eles se sentiriam eunucos. No entanto, aquilo nada significaria para um velho mendigo humano, então os dois se olharam e riram da druidisa fazendo-a rir também.
- Bom, - falou o homem - irei tirar nós três daqui!
- Como? – falou o mercenário – Só se fosse um mago!
- Ah, bem lembrado meu amigo! Tenho uma magia maravilhosa para esses momentos! Sempre a uso para sair de prisões!
- Mas, - observou a mulher élfica – você disse que nunca foi preso...
- Deixe me ver! Como era mesmo? Ah, sim! Lembrei!
Então o mendigo se levantou e gesticulou enfaticamente com os braços e começou a falar algo no antigo idioma dos magos.
- Ast Kiranann...
Repentinamente ouviram um barulho de estalo tão alto que atrapalhou a magia do velho. Então sons de pequenas peças de metal batendo uma nas outras ressoaram pela cadeia e por um momento só podiam ouvir passos se aproximando rapidamente.
Então puderam ver os carcereiros abrindo a cela e saindo para que três homens entrassem. Os companheiros reconheceram rapidamente Leodegan e Sir Hector, mas não conheciam o outro cavaleiro, embora perceberam sua semelhança com o taverneiro.
O agora investido vassalo do Barão de Relgoth prontamente se ajoelhou aos amigos e com uma mensura disse:
- Sinto por terem ficado tanto tempo presos! Com tanta coisa acontecendo foi difícil para Leodegan e seu filho Sir Caleddin me contatarem, mas isso não é desculpa. Eu humildemente peço perdão!
Orvalho da Aurora e Thorvalen estavam ressentidos com o amigo solâmnico, pois sabiam que era filho do soberano da cidadela e podia ter tirado os dois rapidamente. Entretanto as palavras do Cavaleiro da Coroa tocaram seus corações e não podiam fazer nada diferente de perdoa-lo.
- Astanti, tharkas! – a elfa selvagem falou afagando o companheiro – Estamos bem, eu digo!
- Bah, garoto! – exclamou o anão da colina – Não se preocupe com essa besteira, está aqui agora não?
- Sim, agora estou! – respondeu Sir Hector apontando para o outro cavaleiro – Este é Sir Caleddin uth Leodegan, Cavaleiro da Rosa e meu tio por parte de mãe.
- Tsarthai, deghnyah! – cumprimentou o nobre – É sempre um prazer conhecer os amigos de meu sobrinho!
Todos no lugar fizeram uma mensura e o Velho foi tão exagerado que chamou a atenção dos cavaleiros. O mendigo sorriu contente e saindo da cela todo apressado desviando dos guardas e gesticulando freneticamente como um louco ele começou a dizer:
- Bom, antes tarde do que nunca! Vamos logo que temos muito a fazer.
- Pode liberta-lo também? – a kagonesti perguntou – Ele é apenas um velho mendigo!
- Qual é o seu nome meu senhor?
- Fizban, o Fabuloso!
- Bah, agora lembrou é? – perguntou o mercenário – Tem certeza desse nome, pode ser Fuzban!
- Não diga absurdos! Claro que lembro meu nome! Vamos logo que temos que salvar o Dális!
- O quê?
Todos ficaram pasmos! Ninguém tinha visto mais o gnomo desde a confusão na taverna Dragão de Bronze, mas como aquele louco conhecia Dális e mais ainda, salvá-lo de quê?
O comandante Marhaus estava prostrado de joelhos nos Campos de Galen, próximos a Floresta Enegrecida, nas portas da cidade de Olmeiro. Sua perna esquerda doía vertiginosamente pelo golpe que recebera do capitão hobgoblin que prontamente o capturou. Tinha feito um talho que sangrava inexoravelmente tingindo sua bota surrada de vermelho e não permitindo que se levantasse.
O capitão Crod Rachacrânios, o goblinóide, estava contente, pois tinha trazido o comandante solâmnico para o acampamento colocando-o aos pés de sua líder a Alta Maga Negra Selanthara. O hobgoblin tinha uma inteligência rara para sua raça e isso sempre lhe dava cada vez mais premiações e destaque no exército. Ele esperava ser redimido do fiasco que foi mandar o bugbear Thurk atrás do Grimório de Magius.
Marhaus pouco se importava com o capitão em sua entranha armadura, ele estava consternado pela derrota deplorável que acabara de sofrer. Pensou em como seu pai, o Barão de Relgoth, receberia a notícia e viu seu desejo de ser investido cavaleiro esvair-se. Teria vencido, se não fosse o Dragão.
Estava com a batalha ganha, mas foi então que surgiu um Dragão Azul virando a maré contra os soldados relgothianos. A criatura simplesmente planou por cima das fileiras da Brigada de Resgate e foi como se o próprio céu tivesse caído sobre suas cabeças. A maior parte do exercito debandou apavorada de medo e os poucos bravos que resistiram foram massacrados pela hoste maligna. Tudo estava perdido, sua única oportunidade de cair nas graças de seu pai tinha falhado. Não que Marhaus gostasse da oportunidade que Sir Hector lhe tinha dado. O comandante solâmnico via aquilo como um ato de misericórdia, e ele não precisava da pena de seu irmão. Queria alcançar a cavalaria pelas próprias mãos, mas agora não haveria para ele uma cerimônia de investidura.
Selanthara viu a desolação estampada na face de seu oponente derrotado e um sentimento de lástima inundou seu coração. A Irda lutou contra aquela emoção, mas ordenou que cuidassem de seus ferimentos.
Marhaus a observou atentamente e ficou admirado ao ver como a arcana negra era linda, mesmo naquela situação a beleza sobrenatural dela saltava-lhe os olhos. Uma alta mulher ruiva de pele branca como a neve em contraste ao negro profundo de seus mantos. Os olhos verde-esmeralda da Alta Maga fitaram os dele com curiosidade, mas foram rapidamente desviados pela chegada do Senhor dos Dragões.
Era uma imponente figura que vestia uma armadura azul, da forma que parecesse com escamas de dragão, com detalhes em dourado. Tinha uma capa de um tom ciano escuro como as nuvens de uma tempestade. Possuía como armas apenas uma espada curta do lado direito e uma adaga do lado esquerdo de seu cinturão. Retirando sua hedionda máscara falou:
- Sou o Alto Lorde dos Dragões Kitiara uth Matar, também chamada de Dama Azul e comandante suprema dos Exércitos Dracônicos da Rainha das Trevas.
Kitiara olhou para Marhaus com um sorriso torto e sedutor imaginando se ele tinha ficado impressionado pelo fato dela ser uma mulher. Ela passou a mão displicentemente pelos seus cabelos negros e rentes sacudindo-os sem desarrumar a bandana vermelha que protegia seus olhos do suor.
O comandante solâmnico já tinha percebido que o Alto Lorde dos Dragões não era um homem, pois a graciosidade de seu andar e sua bela armadura cintilante ajustada de forma que enfatizasse as curvas de suas longas pernas, já a tinha entregado. Sua beleza sensual e sua postura imperiosa eclipsavam até mesmo a lindíssima Selanthara.
- Como pode ver meu caro, - a Dama Azul voltou a dizer – os mais altos postos do nosso exército são alcançados por mérito, sem serem barrados por tradições antiquadas ou títulos de nobreza. Aqui sabemos que tudo o que importa realmente é o poder!
- O que quer de mim? – perguntou o filho do Barão de Relgoth – Por que ainda estou vivo?
- Ora, tanto você comandante quanto os seus soldados serão presos e muito bem tratados, como manda as leis da ética de guerra.
Ela fez uma pausa e caminhou em volta de seu ilustre prisioneiro. Queria estuda-lo da mesma forma que queria ser admirada por ele. Era uma antiga tática sua para converter os inimigos a sua causa. Kitiara colocou retirou suas luvas pretas e colocou as mãos no rosto desolado de Marhaus e o encarou com seus lindos olhos castanhos envoltos em longos cílios negros e continuou:
- Mas não precisa ser assim. Eu reconheço seu valor em combate e tenha certeza que há lugar tanto para o senhor como para seus soldados. Tenho certeza que alcançará um alto posto na hierarquia da armada!
- Acha realmente que pode me quebrar tão facilmente? – ralhou o solâmnico – Não desistirei de minha honra!
- Claro que não! No entanto, seria idiotice e não honra lutar contra a rainha das Trevas, como pode ver, nada nos derrotará agora!
Foi quanto todo o campo ficou escuro como se a noite tivesse caído implacavelmente sobre eles. Marhaus tinha imaginado que era o Dragão Azul voltando em seu vôo mortal, mas estava totalmente enganado. Então toda a esperança o abandonou quando ele viu a Cidadela Voadora.
domingo, 19 de setembro de 2010
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