Ascensão do Inimigo

A Guerra da Lança tinha chegado ao seu fim, grandes cavaleiros se sacrificaram para manter a paz, mas o exército maligno não tinha sido derrotado totalmente. Em sua poderosa fortaleza a Dama Azul ainda planejava um último ataque de sua Armada Dracônica aos Reinos de Solamnia. No entanto, um mal muito mais antigo foi despertado sem o conhecimento de nenhum dos lados. Um inimigo incrivelmente poderoso que usa sutilmente sua influência sombria para alcançar seus objetivos. Cabe a um grupo de bravos heróis confrontar esse perigo avassalador que a todos domina. O Sussurro das Trevas é um épico de fantasia dividido em três partes que narrará uma saga no mundo de Dragonlance.

Poema dos Seis Heróis

“A palavra será a redenção dos pecadores
Apenas o mais misericordioso a portará
O Mal rastejará novamente para as profundezas

O escudo será a proteção dos desamparados
Apenas o mais honrado o portará
O Mal rastejará novamente para as profundezas

A espada será a justiça dos oprimidos
Apenas o mais temerário a portará
O Mal rastejará novamente para as profundezas

O cajado será a lei dos desesperados
Apenas o mais prudente o portará
O Mal rastejará novamente para as profundezas

A flecha será o equilíbrio dos soberbos
Apenas o mais sábio a portará
O Mal rastejará novamente para as profundezas

O machado será a vingança dos esquecidos
Apenas o mais audacioso o portará
O Mal rastejará novamente para as profundezas”

terça-feira, 4 de maio de 2010

Prólogo - Contador de Histórias

Há muito tempo atrás existia um mundo muito diferente do nosso, um mundo de magia e seres poderosos chamado Krynn. Nessas terras o continente principal, o mais habitado e onde se passará nossa estória, era conhecido pelo nome de Ansalon, um lugar marcado por grandes guerras, lendários sacrifícios e intervenções dos Deuses.
Três filosofias dividiam tudo nesse mundo. O Bem: que redimia a todos e protegia os oprimidos; O Mal: que queria a todos conquistar estabelecendo a paz pela força e A Neutralidade: que fazia o tênue, mas necessário, equilíbrio entre as forças do bem e do mal, mediano sua eterna guerra pelas almas dos mortais.
Várias raças habitavam o mundo. Há muito existiam os humanos: criados da lama, sempre sedentos pelo poder de conquistar o mundo; os elfos: criados das árvores, amantes das artes e das florestas e os ogros: criados das pedras, uma raça outrora poderosa, hoje decadente.
Mas nenhuma dessas raças era tão antiga e poderosa quanto os dragões, seres de poder avassalador e incomparável. Capazes de viver durantes eras, capazes de moldar o mundo a sua vontade.
Entretanto os homens não estavam desamparados diante desse horror, pois haviam os Deuses! Os seres mais poderosos de Ansalon, que atendiam as preces da humanidade e viam ao seu socorro, pelo bem ou pelo mal.
A magia era comum e muitos homens desafiavam seus ancestrais segredos. Clérigos em sua fé aos deuses e sua vontade de mudar o mundo. Magos em seus estudos de textos antigos e obscuros. Mistérios que muitas vezes não deveriam ser descobertos.
Aqui os contos se tornam épicos e os heróis se tornam lendas.


A história de Ansalon se dividia em cinco eras:
A Era do Nascimento: Uma idade conhecida apenas pelas escrituras religiosas, lendas populares e pelos poemas do Pergaminho Vital da Canção, de autoria do grande bardo Quevalin Soth. A chegada dos Deuses e o alvorecer de mundo, aonde Krynn foi forjada e as raças mortais foram criadas.
A Era dos Sonhos: Uma época de mitos e lendas, onde poderosas nações, que existiriam por milênios, são estabelecidas. Grandes heróis combateram terríveis males e o povo aprendeu lições que se revelariam importantes posteriormente.
A Era do Poder: As forças do Bem dominam nesse período, onde a civilização atingiu seu ápice e as raças malignas foram subjugadas ou expulsas. Nesta era, as raças mortais demonstram uma trágica ignorância que finalmente acarretou a destruição de sua cidade de ouro. No final desta era o mundo foi alterado para sempre pelo Grande Cataclismo.
A Era do Desespero: Pragas, fome e guerra marcam esta era. A paz só podia ser conquistada a um preço terrível. Entretanto também foi uma época de redescobertas, em que o povo de uma terra destroçada recuperou seu passado e restabeleceu seu relacionamento com as divindades.
A Era dos Mortais: Poderosos dragões de poder incomensurável conquistam o mundo. Onde embora o mundo tenha aprendido a viver sem o auxilio dos Deuses, um Deus surge das cinzas da guerra para a todos unir em uma só vontade.


Durante toda sua história heróis sempre se levantaram contra a injustiça do mundo. Homens e mulheres que não aceitavam as ironias e tristezas da vida e lutaram, munidos apenas de amor e coragem, mudando assim, o destino do mundo.
Essa é uma saga de grandes heróis que mesmo quando o mal parece ser inexorável, quando toda a esperança se perde e quanto tudo e todos estão contra esses bravos, eles ainda realizam grandes feitos e trazem a paz novamente ao mundo...

Nossa estória começa em uma taverna chamada Alvorada no distrito das Montanhas Púrpuras na cidade de Palanthas, outrora capital de Solamnia. Esse distrito chamava-se assim por que as cordilheiras próximas refletiam a luz de Lunitari, a lua vermelha, dando um ar avermelhado de dia, embora de escuridão lúgubre à noite.
Mesmo com essa aparência sombria, o distrito era a morada de “mercadores de sucesso”, como dizem os palanthinos. Mercadores que transitavam entre a baixa nobreza que vivia nas Fazendas Douradas, o distrito acima e o bairro Mercantil que ficava ao lado de Montanhas Púrpuras.
A taberna sempre ficava lotada quando Arauto, o velho, contava suas histórias. Plebeus, anões e até alguns elfos, com seu gosto refinado, ficavam na Alvorada para ouvi-lo. Mas aquele dia trouxe vários visitantes ilustres, incluindo principalmente os membros da Ordem dos Estetas.
Estes eram bardos historiadores, sabiam que aquelas não eram simples “estórias”, simples contos inventados. Mas se tratavam de “história”, de fatos ocorridos em Krynn, de fatos ocorridos em todo o mundo. Antigos discípulos do grande historiador Astinus, que agora tinham de viajar por todo o continente de Ansalon para registrar os acontecimentos e copia-los no Iconochronos, ou traduzindo, o Rio do Tempo. Esses anais da História ficavam na Grande Biblioteca de Palanthas.
Antigamente essa tarefa era destinada ao próprio Astinus, um ser imortal que escrevia, de alguma forma misteriosa, a história de Ansalon à medida que o tempo passava, sem ter que ir a lugar algum. Como ele estava desaparecido, desde que os deuses abandonaram o mundo de Krynn, no final da Era do Desespero. A Ordem precisou crescer e espalhar seus discípulos para que os fatos continuassem a ser escritos, para que a História continuasse a ser estudada.
Assim o próprio Bertren, atual líder dos Estetas, estava anotando tudo que o Arauto contava para os curiosos que o ouviam na taverna. Como a todos, o Contador de Estórias intrigava o historiador, no entanto ele o respeitava, pois já havia comprovado que muitos dos fatos narrados pelo contador eram verdade, que ele realmente tinha “a memória do mundo em sua cabeça” como a todos dizia.
As crianças gritavam ao Velho...
- Arauto! Arauto! Conte aquela história do Vinnas Solamnus!
- Não – gritava outro garoto – Conte sobre a Guerra sob os Portões dos Anões!
- Conte sobre a Queda de Istar! –pediam alguns.
E assim, o homem contava suas histórias e divertia os clientes da taverna. Assim sendo o dono da Alvorada, o taverneiro Thomas, mas conhecido por todos como grande Thom, sempre o servia sem cobrar. Já que muitos vinham a aquela taberna somente por causa do Arauto. Muito do seu ganho era devido ao velho e nada mais justo que não cobrar sua estadia.
A noite caíra silenciosamente e todas as crianças foram para as suas casas. Era normal que as cidades e vilas em Solamnia que todos dormissem tão cedo, pois todos acordavam ao raiar do sol para trabalhar e ficavam assim até o entardecer. Era assim a vida nos feudos, no entanto Palanthas era diferente, como toda cidade que cresceu demais, como Solanthus ou Lemish, havia outro tipo de mentalidade. Pessoas que preferiam se entreter um pouco antes de descansar. Pessoas que gostavam de estórias.
Como o Cavaleiro de Solamnia, que acabara de entrar. Ele era um homem alto, loiro e de longo bigode. Um típico estereótipo desses cavaleiros. Usava uma antiga armadura feita de aço, um metal nobre naquele mundo. Possuía um elmo que educadamente tirou ao entrar na taverna. Também tinha uma espada de duas mãos muito bonita em sua cintura e uma capa vermelha forrada com pelos brancos de algum animal do sul.
Estava acompanhado de dois homens. Um vestido uma roupa de couro azul escuro, que escondia várias adagas. Como o seu companheiro também tinha uma espada, mas esta era longa e feita pelos elfos. Tinha uma capa preta com capuz que, ao contrário do outro, não foi educado para tira-lo, parecendo que queria se esconder de alguém.
O outro companheiro do solâmnico se vestia com mantos e tinha na cintura vários saquinhos e penas penduradas, o que lhe dava um peculiar cheiro e aspecto. Tinha um curioso cajado, feito de algum metal que apenas os melhores ferreiros anões poderiam identificar. Na ponta desse bastão havia esculpido uma garra de grifo segurando uma esfera de cristal. Ela estava brilhando quando ele entrou, mas se apagou logo que estavam no interior da taverna.
Era muito estranho que aquele homem, o Cavaleiro, estar ali. Já que a ordem rival aos solâmnicos, os Cavaleiros de Neraka ainda dominavam a cidade naqueles dias. Assim, o fato de simplesmente o deixassem entrar livremente na cidade era um mistério. E claro que um verdadeiro Cavaleiro de Solamnia nunca se esconderia em capas ou mantos, aquilo não era honrado, aquilo não estava previsto na Medida.
Com gestos típicos da etiqueta da cavalaria, o homem olhou com certa ternura para o Contador de Estórias e se aproximou dizendo:
- Meu velho se for de seu agrado gostaria que contasse uma história para nós!
- Sim! – respondeu o Arauto – Queres que eu conte uma desconhecida história que ocorreu durante a Guerra da Dama Azul, de onde tiraste esses enigmáticos versos que tens em mãos?
O Cavaleiro refletiu sobre aquilo. Como aquele homem sabia o porquê dele estar ali, naquela taberna, naquela noite. Ainda mais, sabia que ele portava um verso do diário de seu antigo lorde, tudo isso era estranho, mas o ele era um veterano de guerra, já tinha visto muitas coisas estranhas, já tinha lutado na companhia até mesmo de Deuses e quase nada podia surpreende-lo mais. Seus pensamentos foram interrompidos pela fala do Contador de Estórias:
- “O Mal rastejará novamente para as profundezas!” Não é um verso muito bonito, entretanto essa não era a intenção de quem escreveu.
- Eu sei disso, é uma profecia! Quem escreveu isso? – perguntou o solâmnico.
O Velho olhou para o homem de mantos e cajado e sorriu. Foi até uma mesa que estava perto da lareira que confortava os clientes naquela noite tão fria de inverno. A neve caia sobre toda a cidade soprada pelos ventos gelados da Baía de Branchala. A paisagem sempre ficava mais linda naquela estação e o brilho refletido das luzes de lampiões fazia jus ao nome carinhoso que todos chamavam a cidade. Palanthas a “Jóia do Norte”.
- Venha até aqui se esquentar Meu Lorde. – disse o Arauto para o cavaleiro. – E podes vir também, Bertren! Sei que gostarás desta história!
- Qual estória especificamente contará? –perguntou o historiador.
- Aquela em que um mal muito antigo foi despertado!
O Esteta tentou se lembrar, mas nunca tinha ouvido falar dessa história. Inicialmente ele pensou que o Velho falava sobre a tentativa de trazer a Deusa do Mal, Takhisis ao mundo, mas isso foi na Guerra da Lança, não na Guerra da Dama Azul e aquele homem obviamente não cometeria um erro simples como aquele, um erro banal. Teria que ser outra história.
O historiador ficou eufórico, pois sabia que ouviria algo novo, algo que não estava nos anais da Grande Biblioteca de Palanthas. Ele pediu mais um hidromel a atendente da Alvorada, uma linda garota chamada Emy, filha de Thom. Bertren molhou a pena em seu franco de tinta e ouviu atentamente o que dizia o Contador de Estórias aos estranhos, para escrever exatamente com as palavras do velho.
Ninguém mais tinha ficado na taverna, apenas o Arauto, Bertem, o cavaleiro e seus dois companheiros. Todos em uma única mesa. O grande Thom fechou a taverna e ficou no balcão, junto com a atendente, para também ouvir a história.
O contador pegou seu velho cachimbo, tão velho que ele nem lembrava mais como o tinha conseguido. Fumou um pouco, tragando a fumaça e olhando para os rostos daqueles homens, ávidos por suas histórias, soprou a fumaça e falou.
- Prestem muita a atenção! Vou contar uma história que ocorreu há alguns anos, no final da Era do Desespero, quando essa linda cidade ainda era a capital de Solamnia. Bom, a história começa assim...

2 comentários:

  1. Muito bom este blog também, a história mais ainda, continue postando!

    Abraços.

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  2. Vou postar regularmente os capítulos!
    Valeu Fah!!!

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